quinta-feira, maio 25, 2006

Rafael

É tão bom, de vez em quando, voltar ao quintal da nossa antiga casa e desenterrar o baú de lembranças que lá foi esquecido. Ontem à noite "rebusquei" o Rafael!
Rafael... Rafael... nome de anjo, o meu anjo da guarda. Não me lembro de como o conheci, deve ter sido como conheci os outros. A primeira coisa de que me lembro é de o ver na sala de costura lá de casa a falar com a minha prima. Pelo que eu consegui perceber na altura, a conversa não foi pacífica, porque acho que eles andavam e as coisas não acabaram muito bem por culpa dela. A partir daí a relação entre eles não ficou a melhor.
Depois, há um grande espaço branco na minha memória... Nós só nos viamos de vez em quando, porque só estavamos juntos em Vouzela e ele costumava passar lá por casa com os amigos e a minha avó adoráva-o.
Aquilo de que me recordo são de pequenos momentos que me marcaram. Ele ajudou-me a dizer "não" àquele rapaz que só me chateava; jogámos ping-pong a pares e ele era o meu companheiro... esse jogo foi de chorar a rir e no fim acho que perdemos; e o que eu agora mais gosto é o momento em que ele me pegou ao colo, como os noivos pegam nas noivas na noite de núpcias, no meio da rua principal de Vouzela, e eu na altura detestei. Mas o que fazia dele uma pessoa ainda mais especial é que eu estava super à-vontade com ele e não tinha que me preocupar com nada. Ao contrário do que acontecia com as outras pessoas de Vouzela, em que, quando estávamos juntos, a conversa não existia e o silêncio era o que imperar, com o Rafael era diferente, havia sempre mais alguma coisa para dizer! Lembro-me de quando no encontrámos junto ao comboio, no dia em que a Joana e a Sara começaram a fazer palhaçadas, em que a surpresa foi imensa e a conversa fluiu naturalmente e não houve tempo suficiente para dizer tudo o que desejávamos.
Lembro-me também daquele dia em que ele lá foi a casa visitar-nos e depois fomos dar uma volta, para tentarmos encontrar a minha irmã. Aquele passeio foi perfeito...
A última vez em que estivemos juntos tempo suficiente foi há algum tempo, em casa de um amigo. Ele já tinha bebido de mais e ficou um bocadinho descontrolado, mas no fundo nada passou da amizade.
Eu fui apaixonada por ele! Não no sentido literal da palavra, mas eu tinha realmente um grande carinho por ele. E foi esse carinho que me fez acabar com uma noite que se adivinhava quase perfeita. Foi esse carinho que ontem à noite me fez levantar da cama, mesmo tendo visto as minhas enormes olheiras momentos antes, para que ele perdure e não seja apenas mais uma lembrança dentro do baú das lembranças do passado. O meu querido Rafael...

sexta-feira, maio 12, 2006

Parabéns

O meu refúgio fez há 30 dias um ano de existência. Este é o meu centésimo texto aqui exposto. É umano de uma vida; são cem textos numa história. Se juntarem cada segundo destes últimos 395 dias e cada palavra destas 100 publicações, eu vou ficar nua, desprotegida, totalmente exposta, porque aí está tudo o que eu sou, todas as formas que eu posso tomar, "cause this words are my diary".
Neste meu refúgio encontram-se contradições, falhanços, fúria , trsiteza, desorientação, preocupação... Mas há também convicções, alegrias, amor, inspiração, gratidão. Aqui está presente um turbilhão de emoções. Emoções de um ano, emoções de todos os dias.
Durante este ano descobri muito de mim e dei-me a conhecer. Surpreendi-me a mim própria, acreditei. Mudei. Sinto-me mais madura e ao mesmo tempo mais criança, porque já não me importa fingir uma coisa que não sou, porque me aceito melhor.
Aprendi que não se deve ter vergonha de chorar e que até o devemos fazer mais vezes. Devemos rir o mais possível.
Aprendi que partilhar o que sou pode ser muito mais maravilhoso do que alguma vez imaginei.
Aprendi a ser eu própria.