segunda-feira, fevereiro 04, 2008

Eu tenho um refúgio, algo tão material como espiritual, que utilizo para fugir.
Pode-se comparar a uma embalagem que se compra no supermercado. Muitas vezes sou eu que a compro, outras vezes são outros que me trazem. A pequena embalagem tem uma espécie de duas divisões, uma totalmente uniforme, outra cheia de texturas e cores.
Misturo tudo num só, pouco a pouco. As cores vão-se expandindo e, cada vez que lhe toco, forma-se um padrão diferente. Vou tirando bocadinhos, tentando não estragar demasiado, tentando manter o máximo de cor, o máximo de ilusão.
Este tem sido o meu vício nestas últimas semanas. Fico sentada no sofá a devorar a beleza que eu criei, a esborratar as cores que me fazem sorrir, a acabar com a única coisa que é doce, a destruir toda a magia. E fico ali absorvida até chegar ao fim.
Mas a seguir a este vem outro. Outra embalagem à minha frente, à espera. Este é o meu vício, uma ou duas vezes por dia, e, tal como todos os vícios, vai acabar por me fazer mal.