quinta-feira, setembro 20, 2007

Quero-te

Eu quero-te dar a perfeição.
Quero dar-te a beleza dos relâmpagos que rasgam e iluminam o céu com diversas formas, dos trovões ensurdecedores que fazem tremer a casa e as pessoas, da chuva grossa que começa a cair de repente.
Quero dar-te o sossego que eu vejo numa tarde silenciosa passada à frente da lareira, de um passeio à beira-mar no Inverno.
Quero dar-te o conforto que sinto ao vestir uma larga camisola de rapaz ou as calças do pijama, ao abraçar uma pessoa de quem gosto.
Quero fazer-te sentir a alegria de um reencontro, de um fim-de-semana com toda a família, a alegria de fazermos o que gostamos.
Quero dar-te o que sinto pelos meus companheiros silenciosos, pela minha privacidade, pelo que é meu.
Quero que tenhas os meus sonhos sobre as viagens e o futuro, quero que os vivas comigo.
Quero que sintas a emoção que é minha ao ler um bom livro, ao ver um bom filme, ao ouvir uma música que fala de tudo o que eu sinto, ao experimentar coisas novas, ao receber um beijinho inesperado.
Quero-te dar a perfeição de um primeiro beijo, de um arrepio causado por um ligeiro toque, de uma onda molhar um pedaço da nossa roupa e logo a seguir apagar as nossas pegadas, a perfeição de uma lágrima de alegria.
Quero dar-te o que sou, quero que sintas o meu verdadeiro eu.

Temos uma vida toda para esperar. Podemos esperar todos anos que passamos neste mundo, podemos simplesmente esperar, passivos. Mas esperar por quê, por quem? Porquê esperar se esperamos em vão, se nada vem ter connosco? A vida é demasiado importante para ficar à espera, há muitos caminhos para percorrer e não se pode perder tempo. Eu esperei, fiquei à espera de uma luz, mas essa luz vinha e ia, era incerta. Isso fez-me sentir isolada, abandonada na solidão. Agora eu vou fechar os olhos, derramar as últimas lágrimas e continuar, qualquer que seja a direcção.

sexta-feira, setembro 14, 2007

Choro em silêncio

Choro no silêncio da noite.
Choro em silêncio para não acordar a irmã, a prima ou a amiga que dorme na cama ao lado;
Choro em silêncio para doer menos;
Choro em silêncio para fingir que dói menos;
Choro em silêncio para não quererem saber o que se passa;
Choro em silêncio para não serem obrigados a dizerem-me coisas bonitas;
Choro em silêncio para passar mais depressa;
Choro em silêncio para fingir que sou forte;
Choro em silêncio para evitar a convulsão;
Choro em silêncio para expulsar o que há dentro de mim;
Choro em silêncio porque não quero chorar.

segunda-feira, setembro 10, 2007

É só complicar, é simples

Cada vez mais tenho a sensação de que nós, os "crescidos", só sabemos complicar as coisas.
Quando não estamos bem, estamos à procura de razões para sofrer; quando não estamos a inventar coisas, estamos realmente a sofrer; e quando por fim conseguimos recuperar, começamos de novo a escarafunchar um lugar desconhecido à procura de uma dor ainda maior.
Nunca estamos satisfeitos com o que temos, com o que nos dão.
Porque é que se uma pessoa gosta de uma coisa não faz tudo para a ter? Porque é que se eu gosto de fazer uma coisa, simplesmente não a faço? Porque é que duas pessoas que gostam uma da outra não estão juntas? Há sempre qualquer coisa, uma coisa minúscula que faz as pessoas duvidarem, que faz as pessoas pensarem. Porque é que as pessoas têm que pensar em tudo, porque é que não se podem deixar ir?

terça-feira, setembro 04, 2007

Numa noite, algures em Espanha

Eu sempre achei que me conhecia. Pelo menos sempre achei isso desde que penso nessas coisas. No mínimo, achava que me conhecia melhor do que muitas pessoas que pensam conhecer-se.
Só nos últimos dias é que tenho vindo a descobrir o quão errada estava. O Homem é um ser em constante mudança devido às diversas situações que se lhe apresentam. E cada experiência nova é uma marca diferente, uma mudança, por mais ínfima que seja. Talvez o propósito da nossa vida seja conhecermo-nos a nós próprios na nossa individualidade e no meio social. Um trabalho de uma vida.
Hoje não sei o que sou. Eu que sempre me orgulhei da pessoa que era, salvo uma ou outra coisa, hoje estou perdida. Eu sei o que fui, ou pelo menos o que penso que fui ou tentei ser, sei o que quero vir a ser, mas o que eu sou hoje esfumou-se, perdeu-se no meio de tantos sentimentos novos. E agora não me consigo definir. Eu sei de onde venho, o que tenho, do que acho gosto, mas como pode existir uma pessoa sem saber o que é?
Umas férias esquisitas, principalmente a última semana. Foi de certeza para me pôr à prova, para me preparar para o que me espera na minha nova vida.
Confusão de sentimentos, num dia um, no dia a seguir outro, tudo misturado, tudo junto. Tudo junto... Não tive tempo para respirar, mesmo quando pensava que tempo era o que eu tinha de sobra.
Foi uma lição de vida. Talvez tenha sido preciosa, porque eu não estava preparada para enfrentar o mundo sem protecção tal como estava.
Cresci? Mudei! Para melhor? Só o tempo dirá...