sexta-feira, janeiro 18, 2008

Nada mudou

Estive nos últimos meses numa adptação constante às mudanças que aconteciam à minha volta, que aconteciam na minha vida, que aconteciam em mim. Sempre pintei o caminho que tive que percorrer para chegar aqui hoje de cinzento, como uma dor tão profunda que me reduzia a nada. Porém, ontem foi como se tivesse visto uma luz, tudo me pareceu menos confuso e feio. A dor sentida e as feridas feitas não desapareceram, são coisas que não é possível apagar, mas é como se tivesse ganho um novo ânimo. Um ânimo algo triste, é certo, mas sinto-me menos frágil.
Já senti algo do género antes, nos intervalos das minhas depressões e pensamentos miseráveis, mas desta vez é diferente, tenho esperança de que vai ser diferente.
Estou maior, mais crescida. É isso que a dor provoca em nós, o crescimento. Tenho uma camada de pele mais espessa, sou menos ingénua, aquele medo inexplicável do nada quase já não existe, sou menos ajuízada mas continuo a ser conscienciosa. Estou tão diferente, houve alturas em que quase não me reconheci, mas a minha essência continua cá.
Tudo à minha volta mudou, tenho uma vida quase nova. Mas continua tudo na mesma. As discussões, o ambiente pesado, os planos falhados, o sentimento de faltar sempre alguma coisa. Percorri um caminho tão longo, perdi-me tantas vezes, mas vendo bem é como se tivesse dado apenas um mísero passo. Falta-me é descobrir se realmente avançei ou se recuei.