sábado, dezembro 24, 2005

No outro dia encontrei um diário meu, de há muito tempo, enquanto arrumava o quarto. São estas as coisas boas de se arrumar o quarto!
Foi giro ler o diário. É esquisita a maneira como eu pensava naquela altura. Eu li muitas das coisas e achei-me totalmente parva. Suponho que naquela altura era normal pensar assim.
Por acaso gostava de encontrar os meus outros dois ou três diários, para reviver os velhos tempos.

Deixo um beijinho de bom Natal para todos e, como não devo cá voltar antes, boa entrada no ano 2006*

terça-feira, dezembro 20, 2005

Porque eu não sinto que é Natal...

Este ano estou a leste de tudo isto. Não fossem os enfeites, as prendas e os vendedores de rua, estaria como sempre.
Onde está aquele espírito, aquela união que se devia sentir? Não é pelas prendas. Claro que gosto das prendas, não posso mentir. Mas o que eu gosto mais é da união familiar, o carinho, da (suposta) pureza da época!
Ainda tenho muitas prendas para comprar. Não me lembro de um Natal sem prendas! Talvez porque isso nunca tenha existido desde o dia do meu nascimento até agora. É estranho. Supostamente o Natal não são prendas. No entanto, é isso por isso que as crianças esperam o ano inteiro. Queria poder recuar o tempo alguns anos, muitos, para experimentar um Natal feito apenas de espírito.
Talvez daqui a um dia ou dois esteja mais entranhada nisto. Só me resta esperar que o espírito cresca!

quinta-feira, dezembro 15, 2005

Just a dream

Prendeste-me com o teu sorriso e enterneceste-me com o teu olhar. Mais tarde, o teu jeito discreto reforçou a ideia de que teria de continuar a contemplar-te.
Não foi uma, nem duas, mas foi definitiva, a terceira vez que te vi e isso bastou para me arrebateres a teus pés e fazeres de mim escrava tua.
De muitas cores já te pintei, todas cheias de vida, mas a imagem mais bonita foi a que conjugou em ti as cores do arco-íris, em que tu eras o amarelo do meu sol, o laranja da minha folha, o azul do meu mar, o anil da minha saia, o verde do meu espírito, o violeta do meu amor-perfeito e o vermelho do meu coração.
Fui-te reconhecendo bem no fundo de mim, nos confins do meu espírito, no esquecimento da minha alma.
Sonhei-te como jamais e imaginei-te como um príncipe, ou talvez como um feitiçeiro. Não, como um anjo, com forte asa, elevado espírito e enorme perfeição.
Mil presentes tenho para te dar, cada um assinado com mais amor do que o outro.
A minha imaginação percorre mundos sem fim e em todos eles te encontro. Já nem sei qual a história mais bela que inventei para nós, de tantas que já foram, todas elas bem felizes.
Um dia o véu que nos separa desaparecerá e diante de mim encontrarei o sonho perfeito.

quarta-feira, dezembro 14, 2005

Um ano

Oh, como as coisas podem mudar num ano.
Lembro-me de andar deprimida no início ano passado, por achar que as coisas iriam mudar radicalmente. No princípio deste ano também esteve em mim a depressão, mas desta vez mais forte e por motivos bem mais convincentes e desconhecidos.
A diferença que eu noto mais, e que hoje me fez sentir incrivelmente bem, é que estamos mais unidos. As pessoas com quem eu convivo no dia-a-dia já se vão conhecendo e falando e convivendo, o que antes nunca tinha acontecido.
Isto deixa-nos tão confortáveis e tão mais confiantes, que até começamos a gostar da nossa real situação e a descobrir coisas boas nela.
Uma conversa, uma partilha, uma frase, um sorriso, uma brincadeira, uma confidência, um elogio, um desenho. Um tempo, tempo de mudança.

segunda-feira, dezembro 12, 2005

Hoje, por volta das 9h

Acordei mais cedo do que é normal. Vi-me ao espelho e o meu rosto estava branco, branco como eu nunca o tinha visto. As rosáceas nas maçãs do rosto que me caracterizam não estavam lá. Não havia vestígios de cor no meu reflexo, apenas dois pequenos pontos vermelhos se distinguiam numa das faces.
Tomei um banho quente, que na altura me ajudou a acordar.
Começou a rotina.

Agora o meu rosto ferve. As minhas mãos estão quentes e, apesar de não sentir os pés, o resto do corpo está quente. O casaco foi despido e ficou para trás.
Estou junto à janela que está aberta, mas o meu corpo não arrefece.
Os olhos tendem, consecutivamente, a fechar.
Lá fora, a luz solar ilumina o nosso dia e o céu está, mais uma vez, limpo. Os estores estão fechados para o sol não nos bater nos olhos e nem nos distrair.
Lembro-me dos dias de Verão. Hoje parecem mais próximos, porque parece que os dias passados em casa, com os pés e as mãos estendidos na direcção do fogo, já passaram. Se não fosse a falta do aroma das flores, sentia-me num dia de começo de Primavera. Até se ouve o canto dos pássaros.
Daqui a 2 horas e 35 minutos acaba tudo. A minha cabeça vai poder descansar, mas o meu corpo não pode seguir o mesmo caminho.
Espero no princípio do fim-de-semana poder sentir-me entre os anjos.

domingo, dezembro 11, 2005

O ar estava ameno, no entanto o vento frio causava uma situação de desconforto.
O céu estava todo azul e só a enorme lua se intrometia na sua homogeneidade. A luz do sol reflectida na superfície do sujo rio feria os olhos.
O rio tinha um cheiro desagradável. A maré estava a descer. A corrente do rio estava fortíssima.
Inúmeros barcos por ali passavam. Desde um enorme cargueiro, a alguns barquinhos com as velas subidas. Cheguei a ver um minúsculo barco a tentar subir o rio, contra a maré, sem qualquer sucesso.
As gaivotas sobrevoavam-nos. Algumas pousavam no rio e deixavam-se levar pela maré.
O barulho dos carros a passarem na ponte cortava a paz daquele momento.
As pessoas que por ali andavam traziam vivacidade à paisagem, tornavam-na mais agradável. No caminho para o carro, vi um rapaz e uma rapariga num banco, sentados, a apanharem sol e a observarem o rio. Desejei trocar de lugar com eles e estar acompanhada pelo meu anjo, ou até mesmo estar ali sozinha.
Foi mais uma tarde passada em família.

sexta-feira, dezembro 09, 2005

Precipitação

Penso que todos nós já fizemos uma avaliação precipitada sobre alguém. Talvez seja uma característica do ser humano. Ou talvez exista alguém que nunca o fez.
Muitas vezes a primeira impressão sobre alguém é a que marca e a que permanece. Essa opinião pode mudar, dependendo da disposição da pessoa que fez a avaliação.
Já me aconteceu várias vezes cometer este erro. Talvez devido à minha impaciência para certas coisas. Mas a verdade é que a maior parte das vezes recebo boas surpresas.
Lembro-me que numas férias de Verão, durante um campo de férias, fizemos uma actividade que consistia em ir, um por um e em silêncio, a uma bacia cheia com água, olhar para ela, ver o nosso reflexo e pensar sobre as pessoas que tinhamos julgado precipitadamente naquele campo.
A verdade é que todos os dias eu devia fazer aquele exercício. Talvez ajudasse.

segunda-feira, dezembro 05, 2005

Fantasia

Era uma vez um rapaz e uma rapariga. Ele era famoso mundialmente. Ela era uma adolescente como tantas outras.
Quis o destino que se conhecessem e que mais tarde partilhassem um amor.
Passou-se um ano desde a primeira vez que os seus lábios se tocaram. Um ano. E é passado um ano que eles passam o seu primeiro fim-de-semana oficial juntos. Foram para um hotel de classe em Londres. Eles, todos os colegas dele e as respectivas acompanhantes.
Ela estava radiante, o medo que antes sentira, e que voltaria a sentir mais tarde, desaparecera com a presença dele a seu lado. Depois de se instalarem, decidiram todos ir conhecer a cidade e tentar divertir-se ao máximo.
Mais tarde, poucas horas antes do jantar de cerimónia, ela desapareceu, mas ele não se preocupou pois sabia onde ela estava. Ele tomou um longo e quente banho para relaxar e vestiu o seu escuro e elegante fato. Pouco depois ela apareceu, deslumbrante. Ele ficou sem palavras e ela nunca se tinha sentido tão bela. Tiraram fotografias na suite e cada gesto de ternura que trocavam refletia o amor que sentiam. Foi o amigo que gravou aquele momento. O melhor amigo dele e dela, o amigo das brincadeiras, das confissões, dos sorrisos, das lágrimas, das felicidades, das angústias. O amigo.
Chegou a hora e eles foram para a cerimónia e ela cobriu as suas costas com uma maravilhosa encharpe.
Conseguiram ambos escapar às habituais fotografias da entrada dos convidados. O coração dela batia a toda a velocidade, mas o toque da mão dele na sua acalmou-a e fê-la sentir-se protegida. Durante o jantar ela conheceu alguns dos seus ídolos sem conseguir esconder a sua excitação. Ela tentava manter-se discreta, apesar do seu longo vestido sem costas, da arte com que estava penteada e da magia das cores e das formas com que o seu rosto estava pintado. Ele não conseguia tirar os olhos dela e não era o único.
Horas mais tarde voltaram ao hotel, cansados, doridos e com sono. Ela tirou as sandálias de salto que combinavam com o seu vestido e que tornavam os seu pés perfeitos, e foi-se preparar para dormir. Ele convidou os amigos para irem à sua suite comemorarem o prémio que tinham ganho.
Ela já dormia e sonhava e sorria. Acordou de repente, como que se com um pressentimento. Ele não estava deitado a seu lado. Foi até à porta do quarto e sentou-se junto a ela, no chão, encostando os joelhos ao peito e envolvendo-os com os seus braços. Ele continuava acordado, agora apenas acompanhado pelo amigo. Ela ficou a ouvir. "Nunca o fizemos. Claro que já pensei nisso e já lho disse, mas ela é muito controladora. Esta tarde, depois de ter tomado banho, ela passou por mim apenas de toalha e veio-me dar um beijo, que acabou por se transformar em vários. O ambiente começou a envolver-nos mas ela resistiu e foi-se vestir, e eu também fui obrigado a controlar-me." Nunca ele se podia ter declarado de forma tão sincera a ela. "O desejo que eu sinto, e que aumenta cada vez que olho para ela, está sempre presente. Mas todas as noites que dormimos juntos eu não preciso de estar dentro dela para respirar o calor do seu corpo e sentir a fusão dos nossos corpos num só." Ela voltou para a cama e nessa noite ela dormiu como um anjo.
Amanheceu e ela acordou enquanto a luz de manhã inundava o quarto. Ele ali estava, a observá-la e isso deixou-a segura. Ela estava preparada. Chegou-se a ele, abraçou-o e beijou-o. O ambiente aqueceu, as carícia começaram e pela primeira vez ele não precisaria de parar. Pouco depois os dois corpos nus já estavam um sobre o outro, a respirar o calor um do outro, a amar-se. Na cabeça dela tudo era uma maravilhosa dança de mil e uma cores que a fazia feliz, e as imagens foram mudando. Ele saiu de dentro dela mas os seus corpos permaneceram colados, quentes. Naquele momento sim, ela nunca se tinha sentido tão bela. Foi então que ambos ouviram pela primeira vez a voz um do outro desde a noite anterior, dizendo um simples e sentido "Amo-te".
Desde esse momento que se tornaram inseparáveis. O amor cresceu. A paixão entre eles ardia aos olhos de todos. O romance continuou.
Quis o destino que, mais tarde, muito mais tarde, seguissem caminhos diferentes, mas sem nunca perderem a amizade e a cumplicidade que os caracterizava.
E viveram felizes para sempre, separados, mas para sempre unidos.