quarta-feira, julho 19, 2006

Final de noite

Uma sala às escuras,
um filme de terror,
o filme várias vezes interrompido,
um, dois, três relâmpagos,
outra interrupção no filme para ver "Lost",
um relâmpago logo seguido por um enorme trovão,
um trovão ensurdecedor, de meter medo,
outro flash visível através da persiana semi-fechada,
um trovão de meter medo ao mesmo tempo
(a trovoada em cima de nós)
um certo medo,
o final do filme de terror,
uma conversa na cama sobre centopeias,
visões e impressões horríveis no escuro,
um adormecer agitado...

sexta-feira, julho 14, 2006

17 horas

Hoje foi o pior dia da minha vida nestes últimos tempos!
A única coisa que eu tinha realmente de fazer, a única coisa realmente importante, não fiz. Não foi por falta de esforço, mas sim por imaturidade e irresponsabilidade. Foi por me achar já realmente grande. Como é que em 24 horas eu não consigo fazer uma coisa que dura no máximo uma horas?!
Na lista da minha adolescência eu não tenho o objectivo de desiludir a minha mãe, então como é que isso pode estar constantemente a acontecer?
Agora já sei como se sentem aquelas pessoas que andam na rua ou no metro tristes, de cabeça baixa, com os óculos escuros a tentarem disfarçar os olhos rasos de água.
Bem, pelo menos não perdi 10 euros, como ontem.

segunda-feira, julho 10, 2006

O acordar

Por entre sorrisos e boa-disposição lá cheguei ao meu destino.

As saudades que eu tinha daquela praia
fizeram com que o mar agitado e a areia quente parecessem perfeitos.

Deixei que os minúsculos grãos de areia se colassem aos meus pés.
A água estava gelada,
mas isso não me impediu de deixar as ondas me beterem nas pernas
e molharem o fundo do meu vestido.

Eu não queria...
Eu não queria olhar para aquilo que fora todo o meu Verão passado,
mas olhei.

No início não estava lá nada
e eu procurei por todo o lado.
Depois veio a confirmação do que eu antes suspeitava:
já não estava lá... tinha sido trocado!

Primeiro a decepção e a incredulidade;
depois a tristeza e mil imagens a passarem na cabeça:

A curva bem marcada no final das costas,
os olhos amarelos, o apito a rodar,
a mão na barriga, a viola, a pele morena,
o polo com o carapuço, o cabelo despenteado,
os mergulhos esquisitos e as brincadeiras no mar,
um sorriso perfeito escondido por finos lábios...

Agora resta a recordação
e o coração vazio e apertado.
Fica a lembrança de um sonho que acabou!