terça-feira, novembro 29, 2005

A minha sorte

Há realmente alguém que me está a sorrir desde quarta-feira, sorriso esse que eu tanto senti no domingo. Quarta-feira porque as dores de cabeça me deixaram e as tonturas se desvanceram, e porque foi nesse dia que a minha sorte começou. Aquilo que eu ganhei deixou-me radiante, mas não durou o dia todo, pois, se bem me lembro, quando me deitei estava bastante desanimada.

Foi tudo correndo como habitualmente, até domingo. Domingo a minha sorte aumentou e durante quatro horas eu consegui retribuir àquele sorriso com uma enorme alegria e emoção sinceras. Penso que não me sentia assim feliz há algum tempo e soube tão bem...

Ontem de manhã, quando tudo já tinha voltado ao normal, fiz a minha viagem matinal em silêncio. Não fosse a presença do meu pai e a falta do meu urso e estaria dividida entre a tristeza e um bem-estar infinito.
Pela primeira vez gostei daquela música que ouvi. O sono imperava em mim. O nariz e as mãos estavam geladas. Mas isso deixava-me confortável, deixava-me bem comigo mesma. O que me fazia sorrir era a lembrança da noite anterior. Mas não passava disso, de uma lembrança, e estava triste por ter acabado e por estar triste por isso. Estava triste por não ter conseguido fazer a felicidade permanecer.
Passei o dia com saudades de não sei bem o quê. Apenas sei que precisava de mimos, mimos esses que não tinha, porque os mimos de que eu precisava não eram mimos de pais ou amigas, mas mimos de alguém que não mos pode dar. Ou seja, sentia falta de uma coisa que nunca tive.
Desejei todo o dia estar em casa para me poder agarrar ao meu urso, talvez por pensar que era os mimos dele de que eu precisava. Mas talvez não fosse a falta de mimos que me mantinha encurralada, porque a minha carência continuou.
E o perfume de homem que eu pus de manhã não ajudou em nada, pois o seu aroma fazia-me lembrar, não de alguém específico mas, de alguma coisa que eu nunca tive.
"A verdade é o que vai desde aquilo que pensamos até àquilo que fazemos"

Padre Alberto

quinta-feira, novembro 24, 2005

Os últimos três dias

Fecho os olhos e o mundo escuro começa a rodar. Roda tanto... Como se estivesse tonta depois de rodar sobre mim vezes sem conta, de braços abertos e olhos fechados.
A cabeça doi como tudo, dia após dia, sem dar qualquer descanço.
As tonturas são mais que muitas. Estou sentada, de repente a cabeça começa a dirigir-se perigosamente depressa em direcção ao chão. Fica tudo escuro! Não, afinal ainda estou sentada na cadeira, mas deito-me em cima da secretária para prevenir.
Durante o dia parece que corre tudo como de costume, apesar de sentir a todos os momentos as emoções à flor-da-pele. Chego a casa e o tempo acaba para tudo. Aquele tempo que eu tinha em ambundância só para mim acabou.
E esta nostalgia que frequentemente se faz sentir não melhora nada.
Paro um bocadinho. Recebo uma massagem na cabeça, tão bom... Fecho os olhos, o corpo está mole. O tempo, agora, parece infinito. Ouço cantar uma música de embalar da minha infância. Começo a ver tudo nublado devido à parede de água que se forma nos meus olhos, que ameaça desmoronar-se mas isso eu consigo evitar. Nem tempo tenho para chorar. Fecho mais uma vez os olhos para tentar fazer durar aquele momento para sempre, porque eu sei que quando os voltar a abrir já tudo voltou ao normal.
Custa-me continuar, mas vontade e esperança não me faltam. Se ao menos a cabeça parasse de rodar...

(Escrevi este texto ontem à noite. Hoje o dia correu bem melhor e já vejo com lucidez o que está à minha frente. Parece que estão a sorrir para mim e que a mão me afaga o cabelo.)

sexta-feira, novembro 18, 2005

Peço imensa desculpa por ter andado desaparecida, mas não tenho tido tempo de vir ao computador. As coisas cá por casa andam a mil à hora.
E é também por isso que não vos tenho vizitado. Mas prometo que quando isto por aqui estiver mais calmo vos vizito a todos.

Se há uma coisa que aprendi com esta confusão toda é que, quando tudo voltar ao normal, nunca mais vou dizer que não tenho tempo.

domingo, novembro 06, 2005

Pequenas maravilhas

Após um dia passado com o roupão vestido e embrulhada num cobertor, passei por uma janela, ao final da tarde, e vi uma luz dourada inundar o quarto. Tirei o roupão, abria a janela e deixei que o vento frio me tocasse a pele.
Olhei para o céu, todo ele azul e laranja junto ao horizonte. Descobri uma pequena linha branca que pintava o céu: a lua. Vi inúmeros pássaros a voarem sobre a paisagem, a dar-lhe vida; um avião e uma luzinha laranja a piscar bem longe.
O sol estava cada vem mais pequeno, a esconder-se atrás da cidade.
Imaginei que os prédios, as construções e a destruícão que via à minha frente eram a mais bela das paisagens. Então fechei os olhos e respirei fundo, e senti que aquele ar poluído que me entrava nos pulmões e me dava vida era o mais puro de todos.
O sol desapareceu, mas continuava a dar cor ao infinito céu e tranformava, aos poucos, o laranja do horizonte não num rosa e mais tarde em púrpura, mas num tom estranho, entre o laranja e o castanho.
Não havia o mínimo vestígio de nuvens, o que fazia adivinhar uma noite perfeita, com todas as constelações expostas, mas talvez não à vista dos meus olhos.
O ar estava cada vez mais frio. Só me restava fechar a janela e voltar, não sem antes ver um casal de gaivotas voar na minha direcção, um avião a desenhar no céu uma linha rosa com o seu jacto, ver uma estrela a tentar encher o enorme pano azul e mais uma vez observar a grandiosa lua.

quinta-feira, novembro 03, 2005

Conhecimento de mim mesmo


O conhecimento de nós mesmos pode ser comparado a uma janela de quatro vidros, porque está dividido em quatro partes:
  1. o que eu conheço, e os outros não conhecem;
  2. o que os outros conhecem, e eu não conheço;
  3. o que eu e os outros conhecemos;
  4. o que ninguém conhece, nem mesmo eu.