sexta-feira, dezembro 07, 2007

Noite de 30 de Novembro

Estou na Serra. Consegui finalmente libertar-me das minhas obrigações e fugi para longe dos meus fantasmas.
O ar gelado que respiro faz-me esquecer tudo, tudo o que (não) tenho, tudo o que se passou, tudo o que sou. Sinto-me mais viva do que nunca, apesar de haver cada vez menos vida em mim.
O carro vai subindo a serra por uma estrada sem rectas. Estou cada vez mais alto, sinto-me quase como se estivesse a voar. Daqui consigo ver vales sombrios, encostas inclinadas e casas iluminadas. Subo cada vez mais e vejo que as luzes amarelas das pequenas aldeias lá em baixo formam uma espécie de várias cobras que se cruzam entre si. Delicio-me com toda esta beleza e espanto-me ao ver a lua a nascer por entre duas montanhas, amarela e grande, em forma de gomo de laranja.
Consigo ver pelo espelho o sorriso parvo com que estou, mas apenas sinto um vazio cá dentro. Sinto um nó na garganta, só me apetece chorar, mas não tenho razões para isso pois as recordações ficaram para trás e os sentimentos foram esquecidos por obrigação.
No meio de tudo isto, acho que sinto uma certa vontade para continuar, mas sinto-me sem forças.

Sem comentários: